28 novembro 2008

Na caixa de papel machê.


Poderia mexer em suas coisas de olhos fechados, lacrados. Tudo tão organizado, impecável. Porém por um descuido esbarrou em uma caixa revestida de papel machê, era toda colorida, linda. Ao cair, a caixa abriu, espalhando pelo chão as fotografias de um tempo em esquecimento, alegrias. De boas lembranças, a atmosfera daquele quarto foi revestida, coberta. Poderia ver de olhos abertos todas as cenas que compunha uma história de alegria, de vida, de amor, de tristeza, de perda, experiências. Mas por que tal caixa não fora aberta antes? Por que somente por um descuido esta veio à tona? Joguemos ao destino estas simples e interessantes perguntas, questionamentos. Azar nosso de ser mudo o receptor, dono. De fato algumas imprudências não têm resposta, evitamos. Mas que bom que simples retratos nos trazem momentos magníficos, pessoas insubstituíveis, de volta, lembranças. Foi assim que a vi, quando esbarrou em sua caixinha decorada com delicados traços de ternura, amor. Da mesma forma que ela as possuía para contar sua história, ela sabia que também fazia parte da história de vida de outras pessoas, corações. Por isso, vejo que o nosso verdadeiro valor está em conquistar seres humanos, indivíduos. Que as coisas simples são as mais verdadeiras, fixas. Que as pessoas que nos amam mostram com o olhar, transmitem. Que a sabedoria existe para quem aprende consigo, mundo. Que o existir é fazer parte de muitas imagens, existir. Que não somos nada sozinho, é preciso compartilhar para sermos um único ser, fotografia.

2 comentários:

Paula Barros disse...

Desculpe perguntar, foi escrito por você?

Muito profundo. Fiquei pensando quantas caixinhas temos dentro de nós. Quantas são abertas por descuito. Por uma palavra. Uma imagem.
Esse texto me fez viajar.

abraços

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá Querida Amiga, texto muito profundo...Adorei!
Votos ce bom fim de semana... Beijinhos de carinho e ternura,
Fernandinha