Não faço questão do tempo. Para mim não há valor na soma das horas, dias, meses e anos que ficamos juntos. Também não faço questão da ordem que nossa história aconteceu. Não estruturo nosso relacionamento, mas guardo em caixas separadas nossos momentos. Tenho medo de perder a minha memória ou de ter esta roubada pelos fatos inesperados da vida. Mas não faço questão de etiquetar nossas caixas de memória, pois quero ter a surpresa de viver coisas boas e ruins, confusas ou certas há qualquer momento. Vou mantê-las assim, espero que compreenda.
Aprendi muito com a nossa história. E reaprendo com as nossas fotografias, principalmente quando as espalho pelo chão da sala. Palco para algumas. Certas me dão o sentimento de que deveria ter feito coisas diferentes e pensado mais em mim; outras, por sua vez, enumeram sentimentos os quais me lembram de que a faca está na segunda gaveta do terceiro armário da cozinha. Resta-me chorar. E você não está aqui para me consolar. Sinto-me pior e guardo as fotografias que contam a parte boa do que vivemos. Por impulso, quase as separo e etiqueto a caixa com o título: “Pense antes de abrir!” ou “Abra somente na companhia de lenços de papel KISS”. Mas esta segunda opção é inviável, pois esta era a palavra que você usava para finalizar os recados que me deixava.
Sabe?! Foi difícil te ver partir, mas sei que é o que precisava fazer para sermos felizes. Afinal, alguém teria que ter tomado essa decisão. Fico feliz que não fui eu, não conseguiria. Fico triste que foi você, sinto sua falta. Espero que eu possa vê-lo qualquer dia, só para me certificar que você está bem. Sua felicidade, neste momento, vai me fazer bem. Sorte, teria se o tempo promovesse isso para mim! Então, quem sabe eu conseguiria colocar em porta-retratos nossas boas lembranças.