Minha última confissão.

Durante 61 anos, acumulei riquezas. Minha fortuna se estima em uma matemática ousada. Afirmo, aquele que se atrever a contá-la, certamente, irá perder o raciocínio e elevar os mais ruins sentimentos. Consegui tudo o que possuo trabalhando excessivamente. Proporcionei a minha vida acúmulos de efemeridades. Nos melhores e mais renomados bancos do mundo as enclausurei. Foram vigiadas 24 horas iguais a mim que cercado por seguranças, aspirava às econômicas e desagradáveis flagrâncias. Fui cauteloso. Zelei pelos meus bens e pela minha vida. Conheci os melhores lugares, praticamente todos eles, à trabalho claro. Passei todo o meu tempo, detido dentro dos melhores hotéis, degustei das melhores culinárias, experimente dos melhores estilistas.
Hoje, quando me vejo deitado, lembro do toque gostoso de todas as cedas importadas que tive. Do perfume das suaves e delicadas feministas flores que harmonizavam e embalsamavam os meus cenários. Mas, infelizmente, as pessoas que vejo agora não me enxergam. Pergunto-me, “Será que como de praxe, irei fazer parte de uma lembrança esquecível?”
Lembro-me, também, da maneira que meus distantes familiares riam ao invadir os domicílios, os quais não os pertenciam, da maneira que dividam e exploravam os objetos pessoais, lúdicos aos olhos deles. Sinto nojo. Penso, “Acontecerá o mesmo com os meus?”
Agora, deitado no leito, o qual todos passaram, reflito no porquê perdi tanto tempo com efemeridades. Minhas conquistas serão roubadas de mim. Não as compartilhei. Sinto remorso. Minha matemática foi egoísta. O tempo perdido com fugacidades, agora, não tem importância, valor e fundamento. Para mim e para nada.
Vivi de momento, e deste momento padeci. E aqui, ao lado dessas falsas e cognatas pessoas, que esperam eu ser rebaixado e trancado para sempre, duvidamente, exclamo que “eu deveria ter feito tudo de maneira dessemelhante”.