O silêncio me convenceu a escutá-lo, foi a primeira vez que me permitir a ouvir tão suave voz. Pode ser que em outros momentos não estivesse preparado para dar-lhe atenção – a devida. Mesmo assim, afirmo que em horas junto à essa tão doce existência da imaterialidade aprendi muito. Dialogamos bastante, aprendi mais do que ensinei. Tenho certeza. Estava com um lápis aquarelado em mãos, e enquanto conversávamos desenhava uma bailarina, ela estava tão precisa em seus movimentos – tão suaves – dançava tão presa em seu tempo que expressava o amor pela dança em descansados traços faciais. Surpreendi-me quando ela abriu os olhos, eram duas bolas azuis, tão vivas que me remetiam a uma paz de espírito tão grande, pensei que estivesse morto. De repente, não conseguia mais ouvir o meu estimado amigo, estava tão concentrado na bailarina que interrompi meu sentido – a audição. Já não importava mais, queria entrar em minha folha de papel canson, queria tatear os sons que aquela mágica criatura construía ao flutuar no ar. Queria imortalizar aquele momento, mas não seria possível, pois não era eu quem decidiria seu futuro. Foi quando despertei, e então ela começara a correr, quebrando seus movimentos singelos e estragando sua exibição, começara a chover. A chuva veio tão forte e tão devastadora que afogou minha nova amiga. Pude sentir seu desespero, pude sentir as gotas de chuva caindo, porém graças à aquarela contida em meus lápis minha amiga ressurgiu criando uma nova abstrata idéia de silêncio. Não era mais uma bailaria que compunha os sons imaginários que me prendiam em quietude, era meu reflexo em uma poça de água feita a partir dos traços dela. Percebi, então, que o silêncio era o meu "eu" interior refletindo comigo sobre as minhas idéias desorganizadas, e que a bailaria, era a minha vontade de se doar ao desejo de ser feliz. Ambos preservados em sentidos e prontos para viver em liberdade.
3 comentários:
This song reminds your "BAILARINA" but only in my dreams...when I sleep...
http://br.youtube.com/watch?v=_LLDMWrnvkU&feature=related
The Corrs - Only When I Sleep
You’re only just a dreamboat
Sailing in my head
You swim my secret oceans
Of coral blue and red
Your smell is incense burning
Your touch is silken yet
It reaches through my skin
And moving from within
It clutches at my breast
But it’s only when I sleep
See you in my dreams
You got me spinning round and round
Turning upside-down
But I only hear you breathe
Somewhere in my sleep
Got me spinning round and round
Turning upside-down
But its only when I sleep
And when I wake from slumber
Your shadow’s disappear
Your breath is just a sea mist
Surrounding my body
I’m workin’ through the daytime
But when it’s time to rest
I’m lying in my bed
Listening to my breath
Falling from the edge
But it’s only when I sleep
See you in my dreams
You got me spinning round and round
Turning upside-down
But I only hear you breathe
Somewhere in my sleep
Got me spinning round and round
Turning upside-down
But its only when I sleep
It’s only when I sleep
(Sharon instrumental)
Up to the sky
Where angels fly
I’ll never die
Hawaiian High
In bed I lie
No need to cry
My sleeping cry
Hawaiian High
It’s reaching through my skin
Movin’ from within
Clutches at my breasts
But it’s only when I sleep….
See you in my dreams
You got me spinning round and round
Turning upside-down
But I only hear you breathe
Somewhere in my sleep
Got me spinning round and round
Turning upside-down
But its only when I sleep
Up to the sky
Where angels fly
I’ll never die
Hawaiian High
In bed I lie
No need to cry
My sleeping cry
Hawaiian High
"Às vezes o silêncio
Tapa os buracos
E o amor prossegue, intacto..."
Belo texto, senhor!
1abç
Marcelo.
...
Nenhum silêncio é tão eloqüente quanto o que se ousa dar no grito.
Um texto assim ecoa de dentro pra fora. Um libertar-se.
Este é o tempo!
...
Postar um comentário