29 abril 2009

Esquizofrenia


Cheguei à estação. Olhei para os lados. Senti-me perdido, só... Um desabrigado... Mendigo do meu orgulho, fui à cabine. Lá, comprei o bilhete com o troco do café das sete horas – adoro café mais que refrigerantes – para me inserir ao fluxo dos outros orgulhosos, os quais possuíam um destino certo. Posso dizer que tal afirmação não é precisa, mas ao me olhar em um velho e esbranquiçado reflexo provocado pelo sol, tive a sensação de que eu era o único que não tinha um destino definido.
Já próximo à linha que me mantinha entre o estar perdido e o me perder de vez, fui pego pela mão. Fiquei parado, sem reação. Não sabia se olhava para quem me segurava ou se gritava pela liberdade. Não tive sentimento nenhum, pois o medo já me prendia em uma cegueira desigual. Não consegui soprar o grito, nem o medo, nem uma palavra de questionamento. Meus ouvidos, portas de comunicação com as frustrações do universo, eram um dos únicos aparelhos que funcionavam sem alteração naquele momento.
Dentro de minha caixa encefálica ecoaram as palavras que me trouxeram a real coragem, para que eu expusesse a condição frente à compreensão. E ao virar para ver quem suavemente me despertava, levei um subalterno susto. O que me segurou? O que me condicionou? O que ou quem me manifestou a reação de me encontrar? Quem aos meus tímpanos disse “Você é a preocupação mais interessante que possuo em vida, volte para casa. Volte para quem ama. Pois eu te amo!”.
Até agora, não sei o que dizer, o que pensar, o que imaginar, a quem procurar. Até agora, as certezas que tenho são incertezas irreais para quem eu vomitar tal fato. Nem todos estão preparados para entender o semelhante. Nem todos estão dispostos e com tempo para dar ouvido ao cotidiano alheio. Nem todos estão quentes realmente para ser o agasalho dos, até mais, confusos sentimentos externos. Por isso que quando ouvi tal conhecida e espiritual voz, a única coisa que pensei foi em voltar para os braços do meu amado, e deixar minha história continuar a fim de viver cada único momento como imortal. E então, parti da estação com o destino de volta para casa.

It's A Long Way

Olivia Broadfield

Woke up this morning singing an old Beatles song
We're not that strong my lord, you know we ain't that strong
I hear my voice among the others
Through the break of day
Hey brothers
Say brothers
It's a long...way
It's a long...way
It's a long and winding road (it's a long way)
It's a long and winding road (it's a long way)

4 comentários:

Marina disse...

Amor,
Quero que saiba que se em algum momento vc precisar...melhor... se em QUALQUER MOMENTO precisar de um ombro amigo me ligue, me encontre, me chame.

Eu te amo!
beijosss

Mônica disse...

Adorei o texto! Há momentos em que a gente quer dar as costas pra nós mesmos, mas algo sempre nos traz de volta.

Bjs, amore.

Anônimo disse...

não brinque com doenças mas se vc tiver uma delas pela mor de deus se cuide!
eu sofri por 2 anos com despersonalização e digo é terrivel se fosse pra continuar com aquilo eu me matava afinal a morte não me assusta

Mauri Boffil disse...

gente, uma amiga teve edespersonalização um tempo desses...
Um big beijo