Silêncio. Todos olhavam para mim. Fechei, então, meus olhos com força e com uma pressão sobre-alterna... Mas logo os abri, senti-me no escuro, perdida, com medo. Não gosto do escuro desde quando era criança. Ao abri-los, decepção. Na primeira fila, meu pai, que olhava pra mim de uma maneira estranha, não parecia com reprovação e nem desprezo, mas me olhava fixo, assustou-me, até a compreensão....
Na verdade, naquele momento, eu me reprovei e me desprezei. Era algo que deveria deixar meu pai feliz, e acabei fazendo tudo errado. Acho que coisas como essa não devem acontecer encima do palco com a presença de grandes autores e compositores, na platéia.
- Sabe? Presenças importantes. Enfim...
Mas naquela noite, aconteceu comigo. Dei duro por aquilo, machuquei-me por um sorriso. O sorriso de meu pai... E foi arruinado... Tudo, a apresentação e a felicidade de meu pai...
- Saco!
A música, a platéia e as outras bailarinas apenas me viam correr para coxia. E lá, meu pai, que já me esperava com os braços abertos, calou-me apenas com o sorriso estampado. No primeiro momento, não o entendi. Mesmo assim, confusa e molhando a manga do casaco, queria pedir desculpas, pois fracassei. Porém, mesmo soluçando tanto que me impossibilitava de pedir qualquer coisa, fui levada ao inconsciente após ouvir de meu pai aquilo que jamais esquecerei.
- Filha! Você sempre foi a ovelha negra da família. Logo, sempre será especial aos olhos de quem a olhar, pois não existe o certo sem o erro. Não existe o amor sem o permitir-se a amar. E eu te amo muito nessa troca louca de pai e filha. Não existe mais felicidade de saber que os frutos planados hoje serão o alimento do mundo amanhã. Eu te amo mesmo sendo a minha ovelhinha chorona.
Após tal cena, cerca de 15 anos atrás, e mesmo ainda xingando a fita de minha sapatilha, eu digo em bom tom e com o coração acelerado, pois jamais irei me deixar esquecer.
- Da mesma maneira que não existe, nos dias atuais, o amor sem o sexo, mesmo sendo descartável, frio e sem sentido, sem o sexo não se chega ao amor. Após ter crescido e ter se tornado mulher, creio que foi o exemplo mais humano que obtive para resumir o que vem a seguir. Desculpe-me a brincadeira... Então, agradeço a todos os momentos e a todos os sexos feitos também, desculpe-me, para afirmar que não poderia chegar a ser alguém insubstituível, hoje, se meu caminho não tivesse sido feito de derrotas e fracassos, pois se fosse fazer uma comparação entre a vida e a cama, diria que tudo no final se resume na cama. Uma grande amiga, pois esteve presente em minha vida em todos os momentos felizes e tristes. Ainda bem que mais felizes e prazerosos que triste. Desculpe-me desabafei.
Ia me esquecendo... Obrigada, pai! Por me apoiar até mesmo nas derrotas e em meus fracassos. Eu te amo.
12 maio 2009
“Tudo se resolve na cama”, disse ela.
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6 comentários:
Ser a ovelha negra tem suas vantagens...
E vou discordar de ti um pouco fofo, eu acho sim que sem sexo se chega ao amor. E acho que o amor te leva ao sexo... (palavras de uma romântica reprimida) heheehee
Xerooo XUXU
=D
Isso de se chegar ao amor através do sexo é coisa mais masculina e tb pode variar de pessoa pra pessoa, independente de sexo, mas enfim...rs
É complicado demais agradar as pessoas.
Bjs.
uhm... com esse relacionamento atual, to tentando provar o contrário.
Abração!
Bem, eu acho que amor e sexo caminham separados, também... mas amor sem sexo, como disseram Rita Lee e Arnaldo Jabor, se chama "amizade"... hehehe
Abraço.
a família é sempre importante não acha?
tem um selinho para voces no meu blog ;)
;*
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